Eu estou muito triste. Triste como sempre. Incompleto. Perseguindo algo que nem sei ao certo o que é. Talvez eu saiba, mas esse algo me parece que vem se tornando uma lista. São coisas que esperam por serem feitas a muito tempo, coisas que foram mal feitas e outras tantas que preciso ainda descobrir a que ponto estão. A solidão mostra ainda mais a sua cara.
Algo anda fora dos trilhos. Tenho minha vida financeira bem encaminhada. Minha vida profissional também. Poderiam estar em melhor forma, mas nem tudo é perfeito. Se entra para guerra para perder batalhas. O importante é não perder o foco, o objetivo. Curtir o momento. É triste saber que perco tanto tempo com tanto sofrimento. É algo inexplicável. Já dei o máximo de mim. Uma sensação que suga todas as minhas energias.
Quando me deito finjo que alguém também dorme. Adormece na expectativa de acordar e poder me ver, simplesmente isso. Ilusão que toma mentes e corações desesperados. Se agarram na mínima esperança que resta. Flagela-se por dentro saber que absolutamente ninguém liga para você pelo seus próprios méritos, pelas coisas que construiu, por algo que simplesmente se é.
O que sei é que minha vida se passa diante dos meus olhos. Até aqui, interferi o quanto foi possível no curso dessa vida que tem se destinado para uma velhice amargurada e arrependida.
Sem perspectivas a todo momento reúno forças para me levantar. Lembro-me da cena, se não me engano, do filme Senhor dos Anéis, na qual um guerreiro tenta se erguer após ser atingido por várias flechas. Sem dúvida, nenhuma outra cena poderia retratar melhor a minha vida desde o meu nascimento. Fui atingido pelo triste fado de problemas desde que nasci. As flechas me atingiram por incontáveis vezes desde quando ainda nem tinha consciência do mundo em minha volta. Ergui-me com a inocência de uma criança que não sabia o que ainda o atingiria. Já me levantei demais. Quanto mais eu levanto, mas sou transpassado, não sei até quando vou sangrar.
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